Conheça o projeto vencedor do Concurso para Moradias Sustentáveis em madeira na Argentina

O Concurso Nacional de Ideias "Protótipo para Habitação Sustentável executado com Madeira", promovido pela Câmara de Madeiras, Móveis e Equipamentos de Córdoba (CAMMEC) e organizado pelo Colégio dos Arquitetos da Província de Córdoba (CAPC), foi apresentado com a seguinte condição: desenvolver um protótipo de habitação mínima, do qual a madeira seja o material protagonista.

O júri atribuiu o primeiro prêmio a Agustín Berzero, Valeria Jaros, María Emilia Darricades e os colaboradores Maximiliano Torchio, Tomás Quaglia. A seguir, apresentamos o projeto vencedor através das palavras de seus autores.

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Entendemos que um protótipo habitacional deve se basear em um desenvolvimento urbano mais sustentável, já que toda proposta arquitetônica é também uma proposta de planejamento urbano. O habitante contemporâneo é essencialmente urbano, não se trata de um usuário, uma família ou uma planta típica, mas requer um habitat indeterminado que se adapte a diferentes necessidades ao longo do tempo. A habitação deve se adaptar a múltiplos usuários e requisitos, suportar locações distintas e ser capaz de crescer e transformar-se.

Esquemas de agrupamento

Nossa proposta é um protótipo sistematizado em módulos, que tem a possibilidade de crescimento intrínseco. Ou seja, ele entende a necessidade de crescimento prevendo o módulo estrutural para contê-lo. Permite um alto grau de adaptabilidade em sua planta, que ocupa uma pequena área, permitindo tanto a capacidade de se adaptar a diferentes lotes quanto a sua ampla gama de tipologias possíveis. É apresentada uma proposta de habitação, mas na realidade é uma reflexão sobre um sistema modular que permite o desenvolvimento de habitações acessíveis com qualidade espacial e material, o que contribui para a sustentabilidade urbana.

Esquemas de Crescimento

Para alcançar um desenvolvimento urbano mais sustentável, os autores entendem que é necessário apostar na habitação na cidade, neste momento esta é dificultada pela escassez de terra e seu alto custo, razão pela qual é proposto um uso mais eficiente do solo. Aposta-se na consolidação e regeneração do tecido existente, alcançando valores de compacidade e densidade urbana mais adequados. Desta forma, a proximidade aos centros urbanos é utilizada para aproveitar todas as suas oportunidades, conseguindo assim uma maior qualidade de vida. O esquema proposto tem a flexibilidade de se adaptar a muitos locais, desde os mais urbanos, com lotes entre paredes ou esquinas, até os mais naturais, em terrenos da periferia urbana ou mais isolados, entre a natureza.

Buscar flexibilidade e a possibilidade de adaptar o dispositivo a futuras extensões é planejada de maneira modular. O módulo de 3,90 metros é determinado, no qual o exterior é limitado pelo serviço e equipamento de 0,90 metros que liberta 3 metros para o interior, onde são desenvolvidos os principais usos da casa.

Esquemas de Sustantabilidade

Ao colocar estes usos secundários na fachada, adquire espessura e torna-se um fole funcional e climático entre os espaços de uso e o exterior. Ao agrupar esses serviços, os módulos internos são liberados, permitindo que eles sejam interligados e ofereçam maior flexibilidade espacial. Os diferentes usos definem os módulos de serviço que o completam. Assim, determinados agrupamentos básicos são determinados, como estar + toilette e escada, sala de jantar + cozinha e acesso, galeria + churrasqueira, quarto / closet e banheiro, entre outras combinações possíveis. Os diferentes espaços não possuem uma hierarquia espacial marcada, mas sim um sistema aberto e flexível que permite a continuidade e a liberdade de uso.

Galeria

Os módulos propostos são agrupados em duas direções, formando quadrados. Desta maneira, a adaptação a diferentes tipologias, lotes e situações urbanas é facilitada, e também se adapta a diferentes condições de orientação e exposição ao sol das mesmas.

A proposta tipológica é composta por módulos cheios e vazios. No caso dos módulos não ocupados, por um lado, complementam a espacialidade interior, duplicando-a em escopo e possibilidade de uso e, por outro lado, aparecem como possíveis recipientes para futuras extensões, em crescimento controlado. Desta forma, a proposta compreende a natureza variável do programa requerido: famílias mudam, crescem e adicionam membros, adicionam novas necessidades espaciais e de uso e também se adaptam aos futuros membros que podem ocupá-lo, não apenas aos usuários originais.

Dormitórios

O sistema estrutural é expresso em vista e comporta-se como um exoesqueleto, configurando simultaneamente a linguagem da proposta. Os elementos que a compõem são desenvolvidos em madeira como material principal e estão unidos por justaposição. Um catálogo de peças é usado em busca de eficiência econômica e fabricação.

Planta

A casa é apoiada ao solo em pontos escassos, facilitando a adaptação a diferentes situações topográficas. Estas colunas compostas são então enrijecidas por subestruturas nos painéis em sanduíche que compõem a fachada e por triangulações quando a fachada desaparece em módulos vazios.

Planta

A sustentabilidade do projeto pode ser vista em diferentes aspectos. Por um lado, a habitação é um organismo que gera seu próprio ecossistema. A casa é separada do solo e os pátios e aberturas são dispostos de forma a permitir a ventilação cruzada em todos os ambientes, com menor dependência dos sistemas de ar condicionamento climático.

Os espaços habitáveis e as aberturas são distribuídos em relação às orientações, aproveitando o norte e protegendo-se das piores orientações de desempenho térmico. Além disso, utiliza a vegetação em coberturas ajardinadas, bem como em peles laterais e superiores para aumentar o desempenho energético da proposta. Possui uma superfície envidraçada reduzida com luz solar controlada, e estabelece nas bordas um fole de serviços e equipamentos que reduzem a incidência direta de fatores externos no conforto ambiental do interior. O pátio interno funciona como uma chaminé no verão, extraindo o ar quente do interior e, no inverno, contribui para o aquecimento pelo efeito estufa.

Corte

Por outro lado, sistemas para a coleta e reutilização de água da chuva e água cinza e coletores solares para água quente também são incorporados e a futura incorporação de sistemas de redução de demanda de energia é prevista. O desenvolvimento é principalmente em madeira, um recurso natural renovável, altamente reciclável e que pode ser extraído com processos simples e de baixo custo, com baixa demanda de energia no processo de produção, transporte e montagem.

Para concluir, os arquitetos contribuem com sua reflexão sobre como abordar integralmente a sustentabilidade: um protótipo de habitação deve contribuir para um desenvolvimento urbano mais sustentável. Ou seja, a partir de sua localização urbana, alcança maior compacidade e densidade urbana, reduz a necessidade de uso do veículo particular diminuindo as distâncias de deslocamento e localizando-se próximo às vias de transporte público, levando o morador aos centros urbanos aproveitando todas as suas oportunidades, obtendo assim uma maior qualidade de vida.

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Sobre este autor
Cita: Brussino, Lucia. "Conheça o projeto vencedor do Concurso para Moradias Sustentáveis em madeira na Argentina" [Conoce el proyecto ganador del concurso Prototipo de Vivienda Sustentable Ejecutado con Madera en Argentina] 18 Nov 2018. ArchDaily Brasil. (Trad. Pereira, Matheus) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/906010/conheca-o-projeto-vencedor-do-concurso-para-moradias-sustentaveis-em-madeira-na-argentina> ISSN 0719-8906

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